domingo, 27 de setembro de 2015

Trabalhar o campo junto com a ciência

A produção de leite em Campos é uma das mais antigas da região. De acordo com o último presidente da cooperativa de leite, a Cooperleite, na década de 90, Geraldo Machado, a produção de leiteira começou no município depois de um estudo feito por técnicos italianos nos anos 60, que identificaram na região a segunda maior bacia leiteira em potencial da América Latina. Mas de lá para cá, o setor não foi tão promissor e a cooperativa fechou.

De acordo com Geraldo Machado, quando ele assumiu a cooperativa, na época, o leite de Campos era vendido para a capital do estado e outros municípios metropolitanos. Eram produzidos na década de 1990, 50 mil litros/dia. Hoje ele acredita que a produção local não passe dos 25 mil litros/ dia em todo o município.

— Saí do ramo há alguns anos, pois um dos maiores problemas do setor era enfrentar a equação custo X lucro, que não fecha. Em Campos há uma defasagem enorme de custo e venda. Os insumos da produção são caros e na minha opinião, o grande drama da pecuária leiteira é a falta de subsídio para o setor — explicou Geraldo Machado.

O ex-pecuarista acrescenta que uma vaca de alta produtividade custa em média ao produtor, R$ 4 mil no mínimo.

— A remuneração é baixa e de risco e o custo dela é muito alto. Assim, os produtores vivem pendurados em empréstimos bancários para aumentar o rebanho. Na minha opinião, falta organização no setor para buscar preços mais competitivos e também falta vencer a tradição e a pecuária trabalhar em conjunto com a ciência, principalmente porque temos uma universidade especialista na área em Campos. Subsídios para o setor e aceitação por parte do produtor no melhoramento da genética e da produção seriam soluções pontuais — explicou Geraldo.

O Coordenador Regional do Sebrae no Norte Fluminense, Gilberto Soares dos Reis, aponta mais duas outras sugestões para melhorar o setor leiteiro de Campos. Uma é o melhoramento de produção por animal. A outra é a instalação de uma central de beneficiamento de leite no município.

— Já damos apoio em um programa do município para melhoramento de produção leiteira por animal. Se hoje o produtor, com uma vaca produz em média 50 litros/dia, podemos chegar a 150 litros/dia com o melhoramento da alimentação, gestação e rotação do animal. O animal tem que ser visto pelo produtor como negócio e não ser deixado solto no pasto. Esse trabalho que fazemos ajuda o produtor a planejar sua produção e isso era uma das coisas importantes que faltava na produção leiteira de Campos. Se um animal produz mais, certamente o produtor terá mais lucro no final, com o mesmo rebanho e o custo reduzido — pontuou Gilberto.

Fonte: Folha da Manhã
Foto: Divulgação

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